domingo, 15 de maio de 2011

Vela - Aula 02 - 14/05/2011

Bacia Portuária. No canto inferior esquerdo o Cabanga


Olá,

Como havia dito, vamos a nossa segunda aula de Vela.

Chegamos no horário marcado, e dessa vez, nosso instrutor foi o Junior, muito experiente por sinal.

Enquanto aguardava o Jêronimo, fui dar uma olhada com mais cuidado em nossa embarcação, e pela primeira vez, reparei em seu nome, "Vovô". Pensei em todas as possibilidades para aquele nome, mas a que fez mais sentido foi o sinônimo de "tempo e experiência". Daqui pra frente, vou me referir a nossa embarcação por "Vovô".

O valente Vovô
Pra variar, o Vovô estava cheio d'agua novamente. Deveria ser a chuva, pois no Vovô não entra água.

Saímos do Cabanga em direção a Bacia Portuária. O vento estava médio, mas ficou forte muito rápido. Comecei na proa, e Jê que logo receberia seu primeiro título, ficou no comando do leme.

A programação do dia, seria aproveitar o vento Sul/Sudoeste e navegar de través, ou seja, a 90º da linha do vento.

Tudo indo bem, até endender que o vento pode mudar a qualquer momento. De médio/fraco, para forte foi muito rápido e rajadas forte pra kct (quem tiver problemas com a nomenclatura dos ventos, leia a primeira aula) foram constantes, segundo o nosso instrutor, tinhamos ventos de 20 nós com rajadas superiores a isso. 

Vida de proeiro nessas condições não é simples: se a biruta interna da buja sai da horizontal, é preciso caçar a escota; se a biruta externa da buja sai da horizontal, é necessário folgar a escota. Se a interna e a externa sairem da horizontal, ou acabou o vento, ou fizemos besteira (era comum as duas saírem da horizontal, mesmo com vento forte!!!).

Com vento forte, a buja pesa bastante e o Day Sailer não tem moitão nas escotas (somente na vela grande), vai no mordedor direto. Com isso, a mão fica arrebentada.

Existe um outro fator: o leme define a direção da embarcação, sendo assim, se mantivermos um rumo, com vento constante, o trabalho do proeiro diminui. Mas, como havia dito, quem estava no leme era o Jê, que naquele dia resolveu trabalhar o leme como nunca e tirava o Vovô do seu rumo todo instante, exigindo do proeiro exercitar o caçar e folgar a buja constantemente.

Por sua habilidade, recebeu do nosso instrutor o título de Comandante Cobrinha, pois era isso que o valente Vovô parecia em relação a trajetória no través.

Vista da Bacia do Pina
Entre um bordo e outro no través, olhando a buja e suas simpáticas birutas, desviei da retranca que insistia em passar a centímetros da minha cabeça,  acabei batendo o ombro na borda da proa. Como valente guerreiro, não demonstrei um pingo de dor (que por sinal doeu muito), mas hoje lembro bem do ocorrido toda vez que movimento o braço.

Para nossa surpresa, o Júnior falou que iríamos tentar, apesar do vento navegar no contravento. Para isso, miramos um destino que estava na direção oposta ao vento e começamos a descrever uma trajetória de no máximo 45º da linha do vento. Aprendemos na prática que menos que isso é impraticável, pois as velas desarmam e começam a bater. No contravento, a vida do proeiro é simples: após acertar o rumo de 45º, caçamos a buja até alinhar as birutas e daí pra frente é com o leme. Se tudo correr bem, só voltamos a caçar a buja no próximo bordo. O problema no contravento é do comandante, pois o leme que se encarrega de acertar o curso, que por sua vez é dado pelo alinhamento das birutas. O Comandante Cobrinha sofreu bastante nesse momento, e eu descansei.

Invertemos os papéis, fiz o mesmo trabalho tanto no través, quanto no contravento e o Jê foi para proa. No través, a mesma caisa, ajustes da buja e correções na rota (Jê tambem sentiu muito o poder das escotas nas mãos e logo mostrou as bolhas abertas!), o problema realmente é o contravento. Não é facil alinhar as birutas, ou seja, ficar a 45º da linha do vento. Num determinado momento, o Jê me perguntou se estava tudo bem, pois eu só ficava com os olhos arregalados olhando as birutas.

Após 3hs nessa vida, levamos o valente Vovô para o Cabanga no contravento e fizemos uma perfeita ancoragem.

O que levamos de lição:

1. É difícil velejar no contravento. O importante, como o amigo Leo disse um dia, é ganhar altura, ou seja, navegar próximo ao limite dos 45º para buscar o máximo rendimento;

2. Para arribar, puxe o leme pra vc. Para orçar, empurre. Tudo com calma;

3. Se adernar muito, ou alivia a vela grande, ou, no limite, jogue um pouco mais a proa na linha do vento (orçar);

4. Use luvas na próxima aula!!!


Temos e expressões:

Proa - Parte frontal da embarcação.

Leme - Serve para manobrar o barco. Define a direção. Fica localizado na popa.

Popa - Parte traseira da embarcação.

Través - Direção de 90º da linha do vento.

Biruta - Fita presa nas velas que serve para orientar a posição com relação ao vento.

Buja - Vela de proa.

Caçar - Puxar as escotas.

Folgar - Soltar as escotas.

Escotas - Cabos de ajustes.

Contravento - Direção de 45º do vento. Dependendo da embarcação, este máximo pode variar de 30º a 60º.

Bordejar, cambar ou virar por d'avante - Manobra contra o vento ou mudar de bordo cruzando a linha do vento pela proa, mudando as velas de lado, também conhecida como cambar ou bordo.

Adernar - Inclinar a embarcação para um dos lados.

Arribar - Girar a Proa no sentido de afastá-la da linha do vento. É o contrario de Orçar.

Orçar - Girar a Proa na direção da linha do vento. É o contrario de Arribar.



Um abraço e até a próxima aula.

Zeviani

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