terça-feira, 10 de janeiro de 2017

POESIA

Metade

  

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

Osvaldo Montenegro


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Poesia - Nos braços do Recife

Nos braços do Recife

Recife me abraça
Com seus braços fortes, mas cheios de carinho, me conforta
O ar é quente,  mas a brisa está sempre presente
Em cada sorriso uma história
Sofrimento e orgulho lado a lado
Um gente guerreira, vibrante e feliz
Em cada frase um pouco da história
Que diz sem dizer
Que aqui é meu lugar
Onde quero viver
Que vou sempre amar
E onde quero morrer

Não é o lugar
As pontes e marcados
Feiras e sobrados
Que mesmo tão lindos quando vistos
Só seriam pedras envelhecidas
Com formas e cores...
É a magia que o Recife tem
Que faz a gente vibrar
Que faz a gente chorar
Que nos transforma de dentro pra fora
Em uma pessoa melhor

Feliz aquele que sente
Isso que eu quero dizer
E tanta emoção presente
Cada minuto um amanhecer

Recife aqui estou
Como bom filho que sou
Embora aqui não ter nascido
Mas sinto que fui escolhido
Para aqui ser abrigado
E assim abençoado
Por sua alma divina

Me abraça meu Recife
Que em teus braços
Eu sinto que posso
Fazer tudo aquilo que sei
De um jeito muito melhor

Marcelo Zeviani - 17/10/14 - Mar Hotel

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Poesia - Pobre dono daquele sonho

Pobre dono daquele sonho

Muito além daquela montanha
Havia um sonho escondido
Bem ali, não importa, sempre esteve ali

Anos passaram
Árvores cresceram
Trilhas se fecharam
Pegadas se esconderam

O sonho estava ali
Sob chuvas, ventos e tempestades, ele resistia
Tanta dor e sofrimento
O sonho menino cresceu
E com o passar das primaveras, envelheceu

Marcas do tempo
Sem esperanças
Petrificou

Outrora, luz viva e reluzente
Agora, mais uma rocha no caminho

Pobre sonho esquecido
Não se culpe, não foi você!
Oremos por seu criador
Que se perdeu na dura realidade
Ficou cego no nevoeiro
Que sem perceber
Te abandonou

Marcelo Zeviani - 05/10/14 - Rodoviaria Novo Rio, vivo outra vez

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Poesia - A velha caixa de madeira escura


A velha caixa de madeira escura


Nos olhos o peso do tempo
As mãos, não mais tão fortes
Algum sofrimento no olhar...


No ar a música brota do peito não mais viril
Um misto de dor e felicidade
Os olhos fechados, e a mente viaja


Ao lado, o som brota da grande caixa de madeira escura
Sorridente, sonoro e vibrante
A música suave abafa os ruídos
Sem sequer pedir licença


Ah, o peso do tempo...
Aqui pouco importa
Porque a alma livre e solta
Flutua nas notas a bailar, a bailar...


E eu aqui, a pensar no amanhã
Percebo que nada importa
Porque o tudo e o nada
Muda num piscar de olhos


Nada a fazer
Nada a temer
Apenas viver


E isso me faz perceber
Que ao final da vida
Poder tocar
Poder ouvir
Cantar e sorrir
Poderá ser, a maior das riquezas que já desejamos...


A simples riqueza de viver cada dia como se fosse o último.

Marcelo Zeviani - 03/10/14 - na rodoviária tentando observar o mundo com os olhos de quem ja viveu bem mais

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Poesia - Somente viver

Somente viver

Anos passados de angustia
Na minha vida vazia
De amor vivi
Pelo amor lutei
Por ele sofri e chorei
até que dele morri

Mas do sofrimento renasci
as suas marcas me fortaleceram
Hoje, não mais choro quando me lembro
Apenas o suspiro profundo

e alma repousa em meu corpo
cansada com o peso do tempo, não mais inquieta como antes

fecho os olhos sem medo
meu passado não mais me assombra
Não preciso olhar para trás

Olho a frente o futuro
Muito a fazer, a aprender e a experimentar
como é bom ter vivido tanto
ter sofrido, ter aprendido.

Pois em meio a tudo o que posso desejar, 
Olha pra dentro de mim e vejo
A infinita riqueza no pouco que tenho
E que isso basta pra ser feliz.

Marcelo Zeviani 28/10/13

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Os 4 ciclos do ano

Amigos, hoje é 01/10/2013. Começa o ultimo trimestre do ano, ou o quarto ciclo como quiser...
Quero aqui chamar a atenção que estamos na reta final.
Muitos dirão: ahh, o ano já acabou, agora é pensar em 2013... bons anestesistas, que utilizam esse racional para justificar que a energia acabou.
E por que acabou a energia? Nosso ano tem 4 ciclos (ou quatro trimestres). O primeiro é a acomodação pelo final das festas e os preparativos para o carnaval, ou seja, produzimos pouco. O segundo as coisas começam a acontecer, mas tem o primeiro tri pra tirar o atraso. Lógico que o desespero bate, pq são 2 ciclos para realizar um. Quando chega o terceiro, estamos exaustos, mas não medimos esforços para fazer acontecer... Chega o quarto ciclo, a energia acabou...
Aprendi com um grande amigo ha muito tempo que os orientais tiveram consciência disso antes de nós e conseguem equilibrar a queima de energia de forma cadenciada.
Particularmente já me disciplino a fazer isso ha algum tempo e passei a colher bons frutos. Grandes viradas na minha vida aconteceram no quarto tri. Acreditem, compartilhei isso até hoje com poucos e bons amigos, mas esse ano estou exercitando o desprendimento...rs


Então, fica a assim: aos meus verdadeiros amigos, pensem nisso para 2014, pois quero correr ombro a ombro com vcs até o ultimo minuto do ano.
Para aqueles que acham que isso é besteira, tentem me acompanhar nesse trimestre!!!


Bom quarto ciclo a todos!!!


Zeviani

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Poesia - Ainda há tempo

Ainda há tempo

Ouço o barulhos e a música
Versos e cifras desconexas
O cheiro do cigarro no ar
Pequeno mundo vazio


Pobres moribundos em gargalhadas
Sob efeito do álcool se saúdam
Adeus as belas donzelas
Apenas a banalização


Olho e projeto o futuro
O medo me assombra
Pobres crianças puras
A vida que te espera é cruel


Buzinas e sirenes disputam os ouvidos
Repletos de pesadelos conscientes


Não há o que fazer
Destinos traçados
Que farão o futuro


Apenas a esperança
O que esperar?
Adeus esperança


Velhos amigos jovens,
Ainda somos a esperança
Ainda somos o futuro
O amanha depende de nós 


Marcelo Zeviani 13/08/2013 - Em um bar refletindo