domingo, 22 de maio de 2011

Vela - Aula 03 - 21/05/2011

Olá,

Vamos a nossa terceira aula.



Antes da nossa aula, fizemos uma visita ao Vicente de Olinda e tivemos o privilégio de conhecer o "Ave Rara" o trimarã Pernambucano que fez história na Regata Recife-Fernando de Noronha (REFENO). Em sua 22ª Edição, o Ave Rara, além de ter sido fita azul (barco mais veloz da competição), bateu o record, completando as 300 milhas náuticas em 22h54'57''.

O Ave Rara já participou de 13 edições da REFENO. Ao longo desses anos, a embarcação foi campeã em sua classe todas as vezes com exceção de 2008, que tirou o segundo lugar. A primeira vez que conquistou a fita Azul foi em 2004.

O Day Sailer a espera do Comandante Cobrinha
Além do Ave Rara, tambem encontramos um Day Sailer a venda em boas condições. O Comandante gostou muito da embarcação.

A Aula:

Começamos as 14hs, horário combinado. Esta aula em particular, eu e o Comandante Cobrinha contamos com mais dois tripulantes, meus filhos Cecel e a Maria, que iriam ter seu primeiro contato com a vela.

O dia estava ensolarado, com ventos sul a 27km/h. Nesta aula, nosso instrutor seria o Ítalo. Saimos do Cabanga no través com nossos dois felizes tripulantes. O Jerônimo, não poderia ajudar muito pela lesão sofrida na semana anterior (esse fato merece uma postagem específica. Só posso adiantar que foi a retranca !!! Ahhh, a retranca!!!).

Bom, com isso, nem sabia o que me aguardava. O Day Sailer realmente funciona bem com 3 pessoas.

Cecel e Maria no Ave Rara!!!
A aula consistia em contornar 3 bóias dispostas em triângulo. Da forma que foi colocada, nos obrigou a navegar nos 3 ventos e o contravento mais uma vez foi nosso desafio.

Também aprendemos uma outra manobra, o jibe, que pra mim foi muito difícil.

Entre a teoria e a prática: na semana passada, exercitamos o conceito de arribar a orçar diversas vezes. Esta aula o que não faltou foi oportunidade para isso, pois pela primeira vez realmente havia um destino certo, que era contornar as bóias. Como havia dito, o Comandante estava sem poder ajudar nas escotas e por esse motivo, tive que exercitar o Leme e a Vela grande ao mesmo tempo. Se o leme sozinho era difícil, o exercício com a vela foi quase impossivel.

Vamos lá, o que dependia de mim então: garantir o rumo e a potência do barco, que é dada principalmente pela vela grande. Uma mão no leme, a outra na escota da vela. No través, se adernasse demais, ou corrigia no leme orçando sem comprometer o alvo, ou folgava a grande. Tudo indo bem, muita tensão, mas bem e entre um bordo e outro, uma rajada e o valente Vovô adernou muito. Escutei o Ítalo: Não! Não! Orça! Orça!!! E o Vovô quase virou, enchendo d'agua. Passado o susto, continuamos a aula. O Comandante ficou mudo! Preciso treinar mais o que é orçar a arribar!

Praia em frente a Marina em Olinda
Nessa hora, nossos 2 tripulantes (Cecel e Fefê) morreram de rir (principalmente a debochada da minha filha). No meio da aula, eles passaram para o inflável de apoio a motor e ficaram passeando na Bacia do Pina atrás de nós. Uma tristeza enorme!!!

A aula continuou e concluímos que nosso bordo está bom, mas precisamos aprimorar a passada (a retranca me acertou uma 3 vezes no mínimo. Uma delas fiquei sem minha boina da sorte.

Mesmo assim, consideramos que o saldo foi positivo.

Voltamos para o Cabanga no través e fizemos uma perfeita ancoragem. Saí acabado da aula. Apesar de cansado, foi satisfatório. Estamos evoluindo bem.

O que aprendemos:

- Que o Jibe precisa melhorar muito

- Que precisamos melhorar a passada do bordo

- Que se arribar no momento de orçar pode virar um Day Sailer!!!!

Um abraço a todos,

Zeviani

domingo, 15 de maio de 2011

Vela - Aula 02 - 14/05/2011

Bacia Portuária. No canto inferior esquerdo o Cabanga


Olá,

Como havia dito, vamos a nossa segunda aula de Vela.

Chegamos no horário marcado, e dessa vez, nosso instrutor foi o Junior, muito experiente por sinal.

Enquanto aguardava o Jêronimo, fui dar uma olhada com mais cuidado em nossa embarcação, e pela primeira vez, reparei em seu nome, "Vovô". Pensei em todas as possibilidades para aquele nome, mas a que fez mais sentido foi o sinônimo de "tempo e experiência". Daqui pra frente, vou me referir a nossa embarcação por "Vovô".

O valente Vovô
Pra variar, o Vovô estava cheio d'agua novamente. Deveria ser a chuva, pois no Vovô não entra água.

Saímos do Cabanga em direção a Bacia Portuária. O vento estava médio, mas ficou forte muito rápido. Comecei na proa, e Jê que logo receberia seu primeiro título, ficou no comando do leme.

A programação do dia, seria aproveitar o vento Sul/Sudoeste e navegar de través, ou seja, a 90º da linha do vento.

Tudo indo bem, até endender que o vento pode mudar a qualquer momento. De médio/fraco, para forte foi muito rápido e rajadas forte pra kct (quem tiver problemas com a nomenclatura dos ventos, leia a primeira aula) foram constantes, segundo o nosso instrutor, tinhamos ventos de 20 nós com rajadas superiores a isso. 

Vida de proeiro nessas condições não é simples: se a biruta interna da buja sai da horizontal, é preciso caçar a escota; se a biruta externa da buja sai da horizontal, é necessário folgar a escota. Se a interna e a externa sairem da horizontal, ou acabou o vento, ou fizemos besteira (era comum as duas saírem da horizontal, mesmo com vento forte!!!).

Com vento forte, a buja pesa bastante e o Day Sailer não tem moitão nas escotas (somente na vela grande), vai no mordedor direto. Com isso, a mão fica arrebentada.

Existe um outro fator: o leme define a direção da embarcação, sendo assim, se mantivermos um rumo, com vento constante, o trabalho do proeiro diminui. Mas, como havia dito, quem estava no leme era o Jê, que naquele dia resolveu trabalhar o leme como nunca e tirava o Vovô do seu rumo todo instante, exigindo do proeiro exercitar o caçar e folgar a buja constantemente.

Por sua habilidade, recebeu do nosso instrutor o título de Comandante Cobrinha, pois era isso que o valente Vovô parecia em relação a trajetória no través.

Vista da Bacia do Pina
Entre um bordo e outro no través, olhando a buja e suas simpáticas birutas, desviei da retranca que insistia em passar a centímetros da minha cabeça,  acabei batendo o ombro na borda da proa. Como valente guerreiro, não demonstrei um pingo de dor (que por sinal doeu muito), mas hoje lembro bem do ocorrido toda vez que movimento o braço.

Para nossa surpresa, o Júnior falou que iríamos tentar, apesar do vento navegar no contravento. Para isso, miramos um destino que estava na direção oposta ao vento e começamos a descrever uma trajetória de no máximo 45º da linha do vento. Aprendemos na prática que menos que isso é impraticável, pois as velas desarmam e começam a bater. No contravento, a vida do proeiro é simples: após acertar o rumo de 45º, caçamos a buja até alinhar as birutas e daí pra frente é com o leme. Se tudo correr bem, só voltamos a caçar a buja no próximo bordo. O problema no contravento é do comandante, pois o leme que se encarrega de acertar o curso, que por sua vez é dado pelo alinhamento das birutas. O Comandante Cobrinha sofreu bastante nesse momento, e eu descansei.

Invertemos os papéis, fiz o mesmo trabalho tanto no través, quanto no contravento e o Jê foi para proa. No través, a mesma caisa, ajustes da buja e correções na rota (Jê tambem sentiu muito o poder das escotas nas mãos e logo mostrou as bolhas abertas!), o problema realmente é o contravento. Não é facil alinhar as birutas, ou seja, ficar a 45º da linha do vento. Num determinado momento, o Jê me perguntou se estava tudo bem, pois eu só ficava com os olhos arregalados olhando as birutas.

Após 3hs nessa vida, levamos o valente Vovô para o Cabanga no contravento e fizemos uma perfeita ancoragem.

O que levamos de lição:

1. É difícil velejar no contravento. O importante, como o amigo Leo disse um dia, é ganhar altura, ou seja, navegar próximo ao limite dos 45º para buscar o máximo rendimento;

2. Para arribar, puxe o leme pra vc. Para orçar, empurre. Tudo com calma;

3. Se adernar muito, ou alivia a vela grande, ou, no limite, jogue um pouco mais a proa na linha do vento (orçar);

4. Use luvas na próxima aula!!!


Temos e expressões:

Proa - Parte frontal da embarcação.

Leme - Serve para manobrar o barco. Define a direção. Fica localizado na popa.

Popa - Parte traseira da embarcação.

Través - Direção de 90º da linha do vento.

Biruta - Fita presa nas velas que serve para orientar a posição com relação ao vento.

Buja - Vela de proa.

Caçar - Puxar as escotas.

Folgar - Soltar as escotas.

Escotas - Cabos de ajustes.

Contravento - Direção de 45º do vento. Dependendo da embarcação, este máximo pode variar de 30º a 60º.

Bordejar, cambar ou virar por d'avante - Manobra contra o vento ou mudar de bordo cruzando a linha do vento pela proa, mudando as velas de lado, também conhecida como cambar ou bordo.

Adernar - Inclinar a embarcação para um dos lados.

Arribar - Girar a Proa no sentido de afastá-la da linha do vento. É o contrario de Orçar.

Orçar - Girar a Proa na direção da linha do vento. É o contrario de Arribar.



Um abraço e até a próxima aula.

Zeviani

domingo, 8 de maio de 2011

Vela - Aula 01 - 07/05/2011

Olá,

A algum tempo atrás, havia decidido que iniciaria um curso de vela. As condições são bem favoráveis, atualmente morando no Recife, contamos com o Cabanga que fica muito próximo de casa.

Depois de conversar com o instrutor, tudo certo, seriam 10 aulas, com início em 07/05.


Comentei com algumas pessoas, entre espanto, apoio e dúvidas, resolvi tocar em frente.

Minha surpresa, foi ao comentar com meu grande amigo Jerônimo, ele disse: "Estou contigo nessa!"

Marcamos o horário e nos encontramos no local. Estava chovento e ventando muito*.

*Nota: possivelmente, daqui algum tempo vou me referir a velocidade dos ventos (sei-lá como) em nós. Por enquanto o termo técnico será: fraco, médio, forte e forte pra kct.

Pois bem, o instrutor, considerando as consdições do tempo, estava indo embora, mas, como bravos guerreiros, estávamos lá prontos pra nossa missão. Um pouco decepcionado, la foi ele aprontar o nosso barco.

O Barco: no início do curso, me informaram que iríamos aprender em 3 tipos de barcos e naque dia seria um Day Sailer. Lembro que antes da aula estávamos olhando os veleiros de 36, 40, 45 pés e imaginando em qual iríamos utilizar e assim, aprendemos que o Day Sailer é um exemplar de 16 pés!!!

Pensamos: começaremos com o menor e evoluiremos para o maior. Engano, o Day Sailer é o maior dos 3. Nem sei o que nos aguarda.

Olhamos aquele barquinho e nossas perguntas técnicas começaram: " é esse aí mesmo? Isso aí aguenta 3 pessoas? Esse negócio vira?

Entre um pergunta e outra o Jê soltou a pergunta mais interessante: " Ele entra água?" E a resposta foi: "Não, claro que não". Então o Jê lançou a segunda e mais certeira pergunta do dia: "Se não entra, como que aquela água entrou lá no fundo então?" Nosso instrutor respondeu que aquele dia foi exceção.

Quanto a virar, ele disse que não, mas poderia acontecer se ocorrecem erros.

Por algum motivo a partir desse momento, saber se tinha coletes passou a ser prioridade.

Vencida essa primeira etapa, começamos a velejar, saindo do Cabanga 1700mts (quase uma milha náutica!!!) na Bacia Portuária e começamos as manobras.

Foi um tal de través, proa, popa, barlavento, sotavendo, bombordo, boreste. No meio da bagunça, descobri que eu era o timoneiro e o Jê o cara da proa.

Virava 180º mudava de lado. Mudava novamente, sentava do outro lado e vendo a tal da "retranca" passar 5cm da minha testa. Numa dessas, o instrutor grita: "adernou. folga!" E???? Depois ele vira: "caça", já logo pensei, "não, só pesco!!!"

No meio disso, tudo, chuva forte e um garoto num inflável para lá e para cá, só nos acompanhando, e eu sem entender nada.

Pois bem, entre adernar, caçar, folgar, orçar, a vela da frente (a tal da buja) se solta. Segundo ele, a tal do moitão não aguentou porque o vento estava entre forte e forte pra kct.

Bom, então entendi pra quê servia o inflável. Era pra nos rebocar em caso de acidentes. 

E foi isso que aconteceu. Vento contra (sabia que estava contra, porque a chuva vinha no no meu olho, e o que levamos 5 min pra percorrer a vela, levamos 20 min sendo rebocados.

E assim, acabou nossa primeira aula e a lição mais importante é: dar manutenção da embarcação e ter uma porcaria de um moitão reserva.

Um abraço e até a próxima aula.

Zeviani