sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Poesia - O azul e o negro


O azul e o negro

Em meio ao meu silêncio;
Cortante como uma adaga;
ouço vozes do além;
Que zombam do meu desespero.

Sinto o som ardente do metal;
Duro e cinza como um céu em fúria;
Vejo o vazio que me envolve;
E o desespero minha alma toca.

Nada a minha volta ampara;
Nem mesmo os anjos que me acompanham;
Luzes dão lugar as trevas;
E o calor deixa a pele em brasa.

Cães famintos me rodeiam;
Sedentos de sangue e carne;
O ar úmido e quente entorpece;
E os pulmões sofrem aos poucos.

Em meio ao trágico fim;
Minha vida passa como um filme;
Vejo tudo que realizei;
E minha alma se conforta.

Aos poucos fecho os olhos;
Relaxando todo meu corpo;
Sinto que a luta esta próxima do fim;
E minha alma livre se liberta.

E num instante de lucidez;
Lembro dos sonhos que não realizei;
Lembro dos olhos de quem deixarei;
E das paixões que poderia viver.

E do fundo do meu ser;
Sinto algo me incomodar;
Aos poucos toma forma;
E inflama todo meu corpo.

Sinto minha respiração voltar;
E o coração bater forte;
A vontade de viver ressurge;
E a semente da esperança brota.

E em instantes o pesadelo virou sonho;
E ao acordar afirmo a mim mesmo;
Que não ha desespero que resista a esperança;
E que viver e uma questão de escolha...

Marcelo Zeviani - 03/05/2012

Um comentário: