domingo, 12 de junho de 2011

Vela - Aula 04 - 28/05/2011

Olá,

Aqui estamos para mais uma aula, que por sinal foi muito bacana.

Diferente das demais aulas, experimentamos pela primeira vez um Dingue. Um barco ainda menor que o nosso querido vovô (day sailer), com alguma facilidades e, digamos características diferentes.

O Dingue é ideal para duas pessoas, sendo assim obrigatoriamente, eu e o Jê, pela primeira vez ficariamos sem um instrutor.

Veteramos, 3 aulas de experiência, praticamente 2 lobos dos mares, sentimos, ou melhor, não demonstramos nenhuma preocupação.

O vento estava de sudoeste, não diferente da maioria dos dias, um pouco forte com rajadas mais fortes. Começamos a aula, sentindo o barco e duas coisas chamaram a atenção: primeiro, o leme era bem mais leve; segundo, o barco era muito mais arisco que o vovô. Era sensivel ao leme, respondendo bem rápido; e o mais interessante, era que adernava MUITO mais, ou seja, muito mais fácil de virar.

Sentimos facilidade pelo fato do Dingue ter somente uma vela. Na falta da buja (vela da proa), facilitava a vida do proeiro.

Muitas manobras, contormando obstáculos, o barco era veloz e a velejada estava muito agradável. Num determinado momento pedimos ao garoto do inflável de apoio buscar água, pois haviamos esquecido. A reposta dele nos deixou muito putos: - Não posso deixar vocês aqui sozinhos. Olhamos um para o outro e ficamos indignados com a observação. Como dois experientes velejadores poderiam depender de um garoto e um inflável.

Continuamos, mesmo contrariados nossas manobras e resolvemos mudar os postos e o Jeronimo passou para o leme.

Mostrando muita habilidade nos tres tipos de ventos, o Comandante continuou a aula, como se conhecesse o barco a anos: bordos, jibes e muita velocidade no través. Estavava tudo perfeito, a não ser as porradas da retranca que continuavam.

Entre um bordo e outro, uma rajada, e um leve vacilo do comandante no orçar e arribar, o barco adernou feio e ia virar em cima de nós. Não exitei e me joguei para o outro bordo e rapidamente o barco estabilizou.

Olhei para a popa, com o objetivo de comemorar o feito com o Jê e a surpresa: o Je não estava no barco. Naquele momento, me senti um navegador solitário... Olhei mais uma vez procurando meu parceiro: Jê!! Jê!!! E em meio a adrenalina, avisto meu amigo, com suaves movimentos de braços, digno de uma exibição de nado sincronizado. "Estou bem Z", disse meu amigo. Que marinheiro, pensei. Em meio a tudo aquilo, ainda arrumou uma desculpa para fazer uma inspeção do casco no barco e se atirou na água. Obvio que pensei isso, pois com sua experiência, a possibilidade dele ter se desequilibrado e caído, nem me passou pela minha cabeça.

Passado o momento de adrenalina, olhava em direção a popa e via o Jeronimo se afastando. Retomei o controle do barco, dei um bordo e em instantes ja estava com a proa na direção do Jeronimo. Ajustei o curso (estava sem referência, então mirei o Jeronimo dentro d'agua) comecei a pegar velocidade e decidi que iria resgatá-lo. Confesso que não tinha idéia como fazer isso, mas estava decidido a tentar algo. Sei-lá mirei a cabeça dele, e quando chegasse perto desviaria um pouco e tentaria puxá-lo pelo pescoço.

O barco estava se aproximando com velocidade e o nado tranquilo do Jeronimo, ficou mais intenso e ele começou a gritar: não! Sai!! sai!!! Naquele momento cai na real que meu resgate não ia dar certo, acho que eu ia acertar a cabeça dele com a proa. Desviei e desisti.

Lembrei que há capítulos e cursos específicos para resgates de homem ao mar, mas ainda não fiz nenhum, e nem li algo a respeito.

Meu amigo foi socorrido pelo inflável que já estava por perto.

De volta ao barco, ficamos em silêncio pensando no ocorrido, e entendemos o porque do garoto não ir buscar água pra nós.

A aula continuou sem mais emoções, foram varias manobras até o Jeronimo se secar.




Terminamos a aula com um retorno tranquilo ao cabanga, com o Jeronimo no leme atracando o barco com perfeição.

Nesta aula aprendemos que:

1. Devemos levar agua, pois o inflável precisa estar por perto
2. Precisamos de um treinamento de resgates

Um abraço a todos e em breve a próxima aula.

Zeviani